PROJECTO DE ERPI – ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS CENTRO DE DIA SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO APATI – Associação Promotora de Apoio à Terceira Idade Castanheira do Ribatejo – Vila Franca de Xira PROJECTO DE ARQUITECTURA ALTERAÇÕES Preâmbulo Com o objectivo de alcançar optimização de custos e um melhor desempenho energético do edifício no futuro, foram introduzidas já na fase de projecto de execução algumas soluções de pormenor no projecto anteriormente aprovado e licenciado pelas diversas entidades competentes. As alterações introduzidas cumprem totalmente a estrutura orgânica do equipamento social nas suas três valências de ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, CD – Centro de Dia e SAD – Serviço de Apoio Domiciliário, bem como as áreas dos diversos espaços associados a cada função e as regras de acessibilidades, cumprindo a legislação aplicável e as normas técnicas de bom funcionamento. Estas novas soluções de optimização consistiram basicamente na alteração da geometria dos ângulos exteriores entre os três corpos do edifício, resultando num acerto da implantação do edifício, ligeira redução de área, afastando-o um pouco mais da linha de drenagem natural da EEU e permitindo uma melhor circulação de viaturas técnicas de apoio e socorro em redor das diversas fachadas. Com este acerto de implantação reduziu-se também a quantidade de escavação de solo, resultado também dos ensaios geológicos entretanto realizados e que aconselharam a um acerto no posicionamento das fundações, para encontrar solo com melhores características, reduzindo igualmente a quantidade e custo dos muros de suporte necessários. O estudo do comportamento térmico recomendou igualmente a redução das áreas envidraçadas nas fachadas para reduzir sobreaquecimento e necessidades de sombreamento, permitindo igualmente a redução de custos das caixilharias. A configuração interna da Sala de Refeições e Sala de Estar no Piso 0 foram ligeiramente alteradas também, por indicação do ISS, por forma a garantir as áreas regulamentares. Estas alterações de geometria da implantação e dos alçados, dado afectarem o exterior do edifício, implicam necessariamente um Projecto de Alterações de Arquitectura, que submetemos em anexo e que passamos a descrever: Memória Descritiva actualizada O edifício de equipamento social possuirá três respostas sociais complementares, mas autónomas: ERPI- Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (60 residentes) Centro de Dia (30 pessoas) Serviço de Apoio Domiciliário (35 pessoas, com serviço de refeições e lavandaria). Enquadramento urbanístico O terreno localiza-se no lugar de Mascote, Vinha do Regueirão, abrangido pelo perímetro urbano consolidado de Quintas, na União das Freguesias de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras, descrito na 1ª Conservatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira sob o nº 1139/20030917, inscrito na matriz rústica nº10 da secção J, com uma área total de 7.400,00 m2. Situado a curta distância (250m) do aglomerado de Quintas, num curto percurso a pé na Estrada da Carapinha, possui acesso fácil a diversos equipamentos urbanos e sociais, tais como igreja, associação cultural e recreativa, cafés, campo desportivo e parque infantil. Estando localizado na periferia do aglomerado, trata-se de um terreno inclinado numa vertente Norte, rodeado por terrenos agrícolas, oferecendo uma bela vista panorâmica sobre a várzea do Rio Grande da Pipa. Enquadramento urbanístico no PDM de Vila Franca de Xira: A propriedade de 7.400 m2 está parcialmente inserida na categoria de Espaços a Urbanizar Tipo III, dentro do perímetro urbano consolidado, com um índice de construção bruto (máximo) de 0,35 (Artigo 67º). Possui ainda uma faixa de terreno de 1.830 m2 afecta à Estrutura Ecológica Urbana (Art. 78º, 79º) na envolvente da linha de drenagem natural, ao longo dos limites Sul e Poente do terreno. Esta linha de drenagem foi considerada no projecto de Arranjos Exteriores como uma solução natural de escoamento hídrico e conforto bioclimático, enquadrando visual e ambientalmente o edifício nos seus limites Sul e Poente, o que contribuirá para o conforto térmico e psicológico dos residentes, sendo parte integrante e importante do jardim. A nova implantação afasta mais o edifício da linha de drenagem, facilitando a circulação de viaturas de apoio técnico e de socorro, quando necessário. Estacionamento: no seu dimensionamento foi considerado o Quadro 8 do Anexo I do PDM. Dado tratar-se de um equipamento colectivo, o projecto considera as futuras necessidades dos seus utilizadores, em termos de funcionários, residentes da ERPI, utentes do Centro de Dia e visitantes, prevendo-se 14 lugares de estacionamento, dos quais 2 estão dimensionados para pessoas com mobilidade reduzida. Complementarmente, as áreas de circulação automóvel pavimentadas permitem ainda o acesso e paragem para viaturas de cargas e descargas junto das entradas, bem como o acesso de viaturas de socorro (ambulâncias, bombeiros, funerárias) quando necessário. Caves: a forte inclinação do terreno revelou-se um desafio para encaixar um equipamento social para pessoas frágeis e de idade avançada, para cujo conforto a circulação horizontal, de nível, é um factor crucial. Assim, ao abrigo do Artigo 5º, alínea g) que define a Área Bruta de Construção, considerámos a instalação do maior número possível de serviços técnicos nas caves, desse modo excluídos da ABC, para que os espaços permanentemente habitados pelos residentes, utentes e funcionários pudessem usufruir do máximo de luz e ventilação natural. Iluminação e ventilação natural: a qualidade do ar e da luz é uma preocupação de todo o projecto, reforçada pelas dificuldades da pandemia da COVID-19, pelo que em todo o edifício a ventilação transversal, de preferência natural, minimizará os custos energéticos de consumo dos equipamentos de AVAC e ajudará a evitar contaminações, visto que o edifício se encontra organizado por núcleos que podem ser autonomizados. Mas essa preocupação existiu igualmente nos serviços técnicos instalados nas caves: janelas superiores, ao longo de toda a extensão dos compartimentos sempre que existe superfície de fachada em contacto directo com o exterior, permitindo bom varrimento do espaço para exaustão de ar viciado, mas também luz natural que será potenciada através de reflexão nos tectos brancos e reflectantes. Nos serviços técnicos localizados mais no centro do edifício, criámos poços de luz através de rebaixamento de lajes de tecto, de modo a permitir idêntico varrimento do ar interior e exaustão natural, assim como a entrada de luz natural. Mesmo nas áreas técnicas das casas de máquinas em cave houve a preocupação de criar grelhas de ventilação para o exterior, para um bom funcionamento dos equipamentos e evitar concentração de gases. Os grandes envidraçados inicialmente previstos para as escadarias e salas foram redimensionados para contenção de custos quer ao nível das caixilharias, quer ao nível das necessidades de arrefecimento (e consumo energético) que iriam provocar. Volumetria: jogando com inclinação do terreno e para minimizar a movimentação de terras (o solo escavado será reutilizado quase na totalidade nos taludes dos Arranjos Exteriores), o edifício foi “quebrado” em vários volumes, articulados em diagonal ao longo da encosta, de modo que nunca existe a sobreposição vertical de todos os volumes, cumprindo a regra de 3 pisos acima da cota de entrada do Piso 0, não excedendo a cércea de 12m. Este princípio conceptual manteve-se, alterando-se apenas o ângulo entre o corpo central e o corpo sul, de modo reduzir a área da Escadaria 2 (sul) para a mesma área da Escadaria 1 (norte). Implantação no terreno O projecto de arquitectura foi concebido de modo a articular o edifício no terreno inclinado, organizando-o em três volumes encaixados no terreno, minimizando a movimentação de terras, por razões de economia de obra e de minimização de impacto visual sobre a paisagem. A nova geometria de ângulos entre os volumes permitiu agora a criação de uma via de acesso para viaturas de manutenção e socorro que contorna o corpo sul. Uma preocupação subjacente a todo o projecto foi permitir sempre uma saída directa, de nível, à cota do terreno natural do jardim envolvente, em cada piso do edifício, de modo a facilitar e estimular a saída dos residentes para o exterior, para usufruírem dos jardins e hortas que serão criados para seu passatempo. As novas plantas dos espaços exteriores mostram os percursos de circulação entre as saídas de cada piso, as hortas, jardins e larguinhos para estar. Junto à estrada ficará o estacionamento e infraestruturas gerais (reservatório de gás, PT de energia eléctrica) e espaços de circulação que ligam às entradas do Centro de Dia e da ERPI. Piso 0 – ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas A Entrada faz-se directamente a partir do largo no lado Poente, no topo do acesso automóvel que faz a ligação ao estacionamento e portão de entrada na Estrada da Carapinha. A Recepção da ERPI apresenta um balcão com duas alturas distintas, para atendimento em pé, ou atendimento sentado para pessoas em cadeira de rodas. Junto à Recepção há duas Instalações Sanitárias acessíveis, separadas por sexos, que dão apoio a este piso bem como ao Gabinete de Enfermagem que se localiza atrás da Recepção e zona de espera. Os espaços são os mesmos, mas agora organizados em modo diferente, para melhor funcionamento: o Gabinete de Enfermagem ficou com acesso directo a partir da zona de espera e ganhou no interior um recanto para a marquesa, com maior privacidade; e o Elevador foi transferido do centro da Escada 1 para junto da Recepção, para melhor ligação à porta de entrada. Encostadas à Escada 1, ficarão agora as Instalações Sanitárias separadas por sexos, tendo ambas cabine com acesso universal e darão apoio às Salas de Estar e de Refeições. Fig. 1 – Piso 0, Sala de Estar da ERPI e porta para a escadaria Fig. 2 – Piso 0, Sala de Estar da ERPI, zona da televisão A Sala de Estar (Figs. 1 e 2) destinada aos residentes da ERPI tem um fácil acesso directamente a partir das circulações verticais do edifício, mas também da Recepção. Trata-se de um espaço amplo, profusamente iluminado a partir de ambas as fachadas: onde antes tínhamos os envidraçados contínuos que se vêem nas imagens, colocámos agora vãos verticais, alternados com parede (como se pode ver nos alçados, numa solução formal de continuidade de vãos em todo o edifício), para reduzir o sobreaquecimento que iria implicar maiores gastos de AVAC para arrefecimento. As poltronas e sofás mantêm-se organizadas em pares e pequenos grupos, para fomentar interacção e proximidade entre os residentes. Haverá também mesas para jogos e actividades, para além de poltronas para ver televisão e estante para Biblioteca. A circulação entre as peças de mobiliário será fácil, pensada em termos de mobilidade universal. A Sala de Refeições da ERPI (Figs. 3 e 4) constitui um espaço amplo e flexível cujas mesas podem ser facilmente encostadas para criar grandes mesas de banquetes ou separadas para pequenos grupos. Possuirá uma Copa de Piso com fornecimento da comida através de monta-pratos a partir da Cozinha que estará localizada na cave. Fig. 3 – Piso 0, Sala de Refeições da ERPI com a Copa de Piso. Fig. 4 – Piso 0, Sala de Refeições da ERPI com as fachadas envidraçadas para o terraço ajardinado. Do lado oposto da Recepção do Piso 0 ficarão diversos espaços destinados a serviços técnicos em cave (a grande inclinação do terreno faz com que toda esta zona do edifício seja escavada): a Arrecadação para entrada de cargas e descargas, a Arrecadação Geral, e Áreas Técnicas para equipamentos eléctricos e de AVAC. Piso 1 – ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas A Escada 1 possuirá degraus baixos, desenhados para proporcionar um uso cómodo no dia-a-dia, estimulando suavemente o envelhecimento activo dos residentes, subindo ou descendo, com belas vistas para a paisagem e jardim envolventes. O patamar da caixa de escadas do Piso 1 será semelhante ao do piso inferior, com zona de estar no recanto triangular, propiciando encontros e conversas entre residentes. Haverá igualmente duas possibilidades de percursos: um externo, através da saída directa para a cobertura ajardinada onde será criado um “Jardim Terapêutico” constituído por plantas aromáticas e plantas de cores diversas, para estimular os residentes que padecerem de doença de Alzheimer e outras demências; e um percurso interno: o corredor dos quartos, separado por portas corta-fogo ladeadas à esquerda por armários-roupeiro de piso e conduta da roupa suja e à direita pelo elevador. O corredor central dá acesso a quartos de ambos os lados e à Sala de Estar com Copa, cujas portas envidraçadas dão luz natural ao corredor, garantindo simultaneamente maior privacidade para o residente que aí quiser receber familiares ou amigos. Teremos três tipos de quartos: triplos, duplos e individuais. Quarto Triplo: destinado a três residentes, terá casa de banho privativa logo à entrada, constituída por lavatório suspenso da parede, sanita e duche nivelado pelo pavimento, permitindo fácil rotação de uma eventual cadeira de rodas, podendo o bidé ser substituído por chuveiro de mão. Do lado oposto ficarão dois roupeiros, um para cada residente, junto das duas camas com a terceira colocada no recanto da instalação sanitária, separada pelo terceiro roupeiro, perpendicular à parede. As camas estão colocadas de modo a permitir boas vistas directas para o exterior através das grandes janelas verticais, mesmo a partir da cama, pensando nos longos períodos em que por vezes os idosos estão acamados. Assim, cada residente terá a sua própria janela. Para proporcionar flexibilidade em termos de privacidade, junto à cama da esquerda haverá um biombo articulado (apenas com 2m de altura para não interromper o espaço) que poderá estar recolhido discretamente na parede da entrada ou aberto para dar privacidade entre camas. As janelas serão protegidas exteriormente por estores de alumínio na cor das caixilharias e por estores de rolo no interior, transparentes e com cor clara. Fig. 5 – Piso 1 e 2, Quarto Duplo com vista directa para o jardim a partir da cama. Quarto Duplo: destinado a dois residentes, terá casa de banho privativa logo à entrada, constituída por lavatório suspenso da parede, sanita e duche nivelado pelo pavimento, permitindo fácil rotação de uma eventual cadeira de rodas, podendo o bidé ser substituído por chuveiro de mão. Do lado oposto ficarão dois roupeiros, um para cada residente, à frente dos quais ficarão duas camas, frente a frente. As camas estão colocadas de modo a permitir boas vistas directas para o exterior através das grandes janelas verticais (Fig. 5), mesmo a partir da cama, pensando nos longos períodos em que por vezes os idosos estão acamados. Assim, cada residente terá a sua própria janela. Para proporcionar flexibilidade em termos de privacidade, junto às camas haverá biombos articulados (apenas com 2m de altura para não interromper o espaço) que poderão estar recolhidos discretamente na parede da fachada ou abertos para dar privacidade às camas. As janelas serão protegidas exteriormente por estores de alumínio na cor das caixilharias e por estores de rolo no interior, transparentes e com cor clara. Quarto Individual: destinado a um residente, terá casa de banho privativa logo à entrada, constituída por lavatório suspenso da parede, sanita e duche nivelado pelo pavimento, permitindo fácil rotação de uma eventual cadeira de rodas, podendo o bidé ser substituído por chuveiro de mão. Do lado oposto, no canto da parede da fachada, ficará um roupeiro maior e no canto oposto, junto à cabeceira, um roupeiro mais pequeno. A cama fica colocada de modo a permitir boas vistas directas para o exterior através da grande janela vertical, mesmo a partir da cama, pensando nos longos períodos em que por vezes os idosos estão acamados. A janelas será protegida exteriormente por estore de alumínio na cor das caixilharias e por estore de rolo no interior, transparente e com cor clara. Ao fundo do corredor dos quartos estará a segunda caixa de escadas, que permitirá a saída directa, de nível, para o jardim exterior. Deste modo a prática de jardinagem ou horticultura recreativa ficará facilitada no dia-a-dia. E será uma saída fácil, de emergência, se e quando necessário. Este patamar espaçoso (Fig. 6), poderá ainda funcionar como zona de estar onde haverá sofás e estantes para criar um recanto de convívio e leitura, envidraçado e com vistas para o jardim. Neste patamar ficarão ainda (mas já escavados no terreno) dois serviços técnicos: a Zona de Sujos e o Banho Geriátrico que darão apoio a todos os residentes deste piso. Haverá ainda uma porta de serviço para ligação à Área Técnica de equipamentos eléctricos, com portão de acesso automóvel para manutenção. Segue-se ao lado, igualmente em cave e em espaço autónomo com acesso exterior directo, a Área do Grupo de Bombagem e Depósitos de Água do sistema de segurança contra incêndios. A Escadaria 2, uma vez mais com degraus suaves para estimular o exercício físico quotidiano, ligará ao Piso 2, com amplas vistas para o jardim e arvoredo da galeria ripícola da linha de água (de escorrência) existente no limite Poente da propriedade. Fig. 6 – Piso 1, Escadaria ligando ao Piso 2, com zona de estar e saída directa para o jardim. Piso 2 – ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas Este piso, exclusivamente constituído por quartos, repete no essencial a organização do Piso 1, na sua sequência. A escadaria principal, une todos os pisos do edifício com os seus degraus baixos para estimular o exercício físico suave, terminando neste grande patamar triangular com janelas em todo o perímetro (já não totalmente envidraçado, mas com grandes janelas verticais). No patamar da caixa de escadas do Piso 2 haverá nova zona de estar no recanto triangular, propiciando encontros e conversas entre residentes, com vistas para o exterior. Fará a ligação ao corredor dos quartos, separado por portas corta-fogo e à direita pelo elevador. Tal como referido anteriormente, o elevador agora tem maiores dimensões para permitir o transporte de macas ou camas articuladas e ainda equipamento médico de auxílio (oxigénio, etc) e abre directamente no corredor dos quartos, facilitando a movimentação de doentes acamados quando necessário. Deste modo um único elevador consegue servir todos os pisos do edifício, garantindo acessibilidade universal para todos os utilizadores. O corredor central dá acesso a quartos de ambos os lados e à Sala de Estar com Copa, cujas portas envidraçadas dão luz natural ao corredor, garantindo simultaneamente maior privacidade para o residente que aí quiser receber familiares ou amigos. Teremos três tipos de quartos: triplos, duplos e individuais, exactamente iguais aos que foram anteriormente descritos para o piso inferior. Na Escadaria 2 (sem elevador) o corredor central dos quartos desemboca como se fosse uma sala de estar, com belas vistas para o jardim e arvoredo da galeria ripícola, inflectindo depois à esquerda, para continuar no último volume do edifício. Neste corredor a Zona de Sujos e o Banho Geriátrico são seguidos por dois armários destinados às roupas de cama (e um espaço de rouparia extra no canto do patamar). Uma vez mais temos uma sequência de quartos triplos e duplos em ambos os lados do corredor que desemboca directa e livremente no exterior do edifício, permitindo a saída fácil, cómoda, segura e rápida, quer no dia-a-dia, quer em situações de emergência. No exterior, o percurso que contorna o edifício ficará directamente ligado a outros percursos secundários de acesso às hortas e recantos do jardim, estudados e detalhados no projecto de execução, nomeadamente na especialidade de Arquitectura Paisagista. Cave / Piso -1 – Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e ERPI Este é o piso que concentra a maior parte dos Serviços Técnicos em cave, de apoio a todo o equipamento social, nas suas três vertentes: ERPI (que já descrevemos), Centro de Dia e SAD- Serviço de Apoio Domiciliário que passaremos a descrever. Por força da necessidade de encaixar os volumes do edifício no terreno inclinado minimizando a movimentação de terras (o volume de terra escavado é praticamente igual ao volume usado na modelação exterior de taludes e caminhos, ver projecto de Arquitectura Paisagista) optámos por localizar na cave diversos serviços técnicos importantes. Assim, continuando o percurso pelo interior do edifício, desçamos a Escadaria Principal para a Cave (ou tomemos o elevador). Quando chegamos ao patamar da escadaria na cave, encontramos no canto a porta da Recolha de Roupa, onde a conduta vertical (que atravessa os pisos superiores) descarrega directamente as roupas sujas, em carrinhos que depois as transportam para a Lavandaria, passando discretamente pela porta de serviço localizada sob a escadaria, evitando-se deste modo atravessar os diversos pisos com roupa suja. Esta porta abre para a Circulação de Serviço, com a porta da Lavandaria imediatamente em frente para comodidade funcional, onde as roupas sujas são lavadas nas máquinas e depois de secas são tratadas na Zona de Engomadoria e arrumadas. Este espaço, estando em cave, terá uma janela horizontal à cota alta em toda a parede exterior virada para o jardim que dará boa luz natural e ventilação, que será ainda reforçada pelas soluções técnicas previstas no projecto de AVAC. Ao lado deste espaço teremos os Vestiários e Balneários do Pessoal, separado por sexos, mas ambos com cabines dimensionadas para acessibilidade universal. Também estes serviços técnicos em cave serão iluminados e ventilados a partir das janelas horizontais altas abertas para o lado Nascente do jardim. Encostada aos Vestiários teremos por fim a Sala de Pessoal, com acesso pela circulação de serviço, mas com uma grande janela virada para o jardim e para a estrada, permitindo boas vistas para o exterior durante as refeições e pausas. A Cozinha ficará organizada por zonas funcionais: preparação, confecção, empratamento, copa (limpa) de apoio a refeições ligeiras com ligação à Sala de Refeições e depois, no regresso pela outra porta, a zona de lavagem de loiça (copa suja) e ainda um espaço para arrumos da loiça grossa. Na zona de empratamento ficará um Monta-pratos em coluna, que transportará verticalmente a comida para a Sala de Refeições da ERPI, optimizando deste modo a Cozinha única, com separação total de espaços de refeições entre ERPI e Centro de Dia, por razões de segurança pandémica. Como espaços complementares abrindo directamente para a Cozinha haverá ainda a Despensa de Dia. No corredor de circulação de serviço ficarão ainda a Arrecadação de Géneros Alimentícios, Arrecadação de Frios e a Arrecadação de Equipamentos e Produtos de Higiene do Ambiente. S.A.D.— Serviço de Apoio Domiciliário (Piso -1, cave) No corredor da Circulação de Serviço teremos o espaço destinado à preparação dos cabazes do SAD (Embalagem de Refeições), um espaço constituído por bancada de trabalho e armários de arrumação, com capacidade para servir 35 pessoas. Apesar de aparentar ser um espaço interior, na verdade este espaço terá abundante luz e ventilação natural através das janelas situadas no do poço-de-luz que criámos para iluminação do corredor de serviço. Desse modo iluminam e ventilam quer o SAD, quer o próprio corredor e sobretudo a Cozinha que, deste modo, terá janelas basculantes em toda a altura na zona das principais bancadas de trabalho (Corte BB’). A proximidade da Entrada de Serviço facilitará a carga e descarga dos cabazes, em zona coberta onde as carrinhas poderão facilmente estacionar, discretamente resguardadas pela parede lateral cega do Centro de Dia. Centro de Dia (Piso -1, cave) Possuirá capacidade para receber 30 pessoas diariamente. Pelo facto de estar situado no Piso -1, organizámos os espaços de modo que as áreas de convívio e refeições dos utentes fiquem sempre amplamente iluminadas e ventiladas, enquanto os espaços de trabalho dos funcionários ficarão em zonas de semi-cave, com iluminação e ventilação natural superior, como veremos. A Entrada faz-se lateralmente, a partir do exterior em zona recuada e paralela à rampa de acesso ao piso de referência (Piso 0) da ERPI, dando acesso directo à Recepção onde haverá um balcão com duas alturas distintas: para atendimento em pé, ou para atendimento sentado de pessoas em cadeira de rodas. Existirá ainda um pequeno recanto para Zona de Espera e duas Instalações Sanitárias acessíveis. Os espaços principais serão a Sala de Estar, com acesso a partir da Recepção e a Sala de Refeições. A Sala de Estar (Figs. 7 e 8) será um espaço amplo, cujas fachadas Poente e Norte, em vez de totalmente envidraçadas (como se pode ver na imagem da solução anterior), apresentam agora uma sequência alternada de grandes janelas verticais, numa ligação visual ampla com o exterior, permitindo observar as entradas e saídas do estacionamento, a circulação de cargas e descargas, o tráfego automóvel na Estrada da Carapinha, etc. Deste modo os utentes do Centro de Dia usufruirão do entretenimento normal da vida quotidiana do lugar e do estabelecimento: as entradas e saídas farão parte das suas conversas e observações, ajudando a manter uma ligação mais saudável com a vida diária e menos alienante do que apenas a habitual presença da televisão em espaço fechado. Fig. 7 – Piso -1, Sala de Estar do Centro de Dia, com a TV, mesas de actividades e vistas para o jardim. A Sala de Estar será organizada em pares e pequenos grupos de poltronas e sofás para incentivar a interacção humana e social dos utentes do Centro de Dia. Terá igualmente uma zona com mesas para actividades e ainda um núcleo de poltronas (Figs. 7 e 8) organizadas em redor do televisor. Deste modo haverá diversidade e partilha de actividades, permitindo melhor circulação dos utentes e um dia-a-dia mais diversificado e interessante, nomeadamente com saídas directas para o jardim fronteiro, próximo do estacionamento onde poderão praticar floricultura ou simplesmente passear. Fig. 8 – Piso -1, Sala de Estar do Centro de Dia, com a TV, mesas de actividades e Sala de Refeições ao fundo. A Sala de Refeições (Fig. 9) será contígua à Sala de Estar. Separando as duas salas haverá dois móveis altos que organizam o espaço com flexibilidade: de um lado funcionará o armário-estante que integrará a televisão e a biblioteca, enquanto nas costas ficará um armário equivalente, mas destinado à arrumação da loiça, talheres e complementos da Sala de Refeições. Ambas as salas serão servidas directamente por Instalações Sanitárias separadas por sexos. O sector administrativo que apoiará todas as valências deste equipamento social (ERPI, Centro de Dia e SAD) ficará instalado em gabinetes dispostos no corredor de Circulação da Recepção. Dado ser uma zona do edifício já parcialmente em cave, a laje de cobertura destes gabinetes foi rebaixada, permitindo desse modo a entrada de luz no corredor reflectida a partir dos gabinetes através de portas envidraçadas (ver Corte BB’). Dentro dos gabinetes haverá clarabóias em toda a largura do espaço, permitindo a entrada directa de luz solar e ar fresco. . Fig. 9 – Piso -1, Sala de Refeições do Centro de Dia e ao fundo as mesas de actividades da Sala de Estar. Junto à Recepção, o primeiro gabinete destinar-se-á a Pessoal Técnico, seguido do gabinete da Direcção, e do serviço de Cabeleireiro e Pedicure para os utentes do Centro de Dia e para os Residentes da ERPI. Haverá depois o gabinete de Psicologia e o gabinete Administrativo com Arquivo. Do lado oposto do corredor haverá a Área Técnica de AVAC e Sala de Reuniões. Neste corredor ficará ainda uma Instalação Sanitária com Banho para utilização privativa dos utentes do Centro de Dia que, nalguns casos, apenas aqui terão a possibilidade de tomar banho. Ao fundo do corredor haverá uma porta corta-fogo (neste caso normalmente fechada) que separará totalmente o Centro de Dia e a ERPI, evitando a mistura descontrolada entre utentes e residentes. Lisboa, 8 de Junho de 2023 O Arquitecto, António da Silva Ferreira de Carvalho

ERPI-VFX Care Home for Senior Citizens

António Carvalho
2023-01-01

Abstract

PROJECTO DE ERPI – ESTRUTURA RESIDENCIAL PARA PESSOAS IDOSAS CENTRO DE DIA SERVIÇO DE APOIO DOMICILIÁRIO APATI – Associação Promotora de Apoio à Terceira Idade Castanheira do Ribatejo – Vila Franca de Xira PROJECTO DE ARQUITECTURA ALTERAÇÕES Preâmbulo Com o objectivo de alcançar optimização de custos e um melhor desempenho energético do edifício no futuro, foram introduzidas já na fase de projecto de execução algumas soluções de pormenor no projecto anteriormente aprovado e licenciado pelas diversas entidades competentes. As alterações introduzidas cumprem totalmente a estrutura orgânica do equipamento social nas suas três valências de ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, CD – Centro de Dia e SAD – Serviço de Apoio Domiciliário, bem como as áreas dos diversos espaços associados a cada função e as regras de acessibilidades, cumprindo a legislação aplicável e as normas técnicas de bom funcionamento. Estas novas soluções de optimização consistiram basicamente na alteração da geometria dos ângulos exteriores entre os três corpos do edifício, resultando num acerto da implantação do edifício, ligeira redução de área, afastando-o um pouco mais da linha de drenagem natural da EEU e permitindo uma melhor circulação de viaturas técnicas de apoio e socorro em redor das diversas fachadas. Com este acerto de implantação reduziu-se também a quantidade de escavação de solo, resultado também dos ensaios geológicos entretanto realizados e que aconselharam a um acerto no posicionamento das fundações, para encontrar solo com melhores características, reduzindo igualmente a quantidade e custo dos muros de suporte necessários. O estudo do comportamento térmico recomendou igualmente a redução das áreas envidraçadas nas fachadas para reduzir sobreaquecimento e necessidades de sombreamento, permitindo igualmente a redução de custos das caixilharias. A configuração interna da Sala de Refeições e Sala de Estar no Piso 0 foram ligeiramente alteradas também, por indicação do ISS, por forma a garantir as áreas regulamentares. Estas alterações de geometria da implantação e dos alçados, dado afectarem o exterior do edifício, implicam necessariamente um Projecto de Alterações de Arquitectura, que submetemos em anexo e que passamos a descrever: Memória Descritiva actualizada O edifício de equipamento social possuirá três respostas sociais complementares, mas autónomas: ERPI- Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (60 residentes) Centro de Dia (30 pessoas) Serviço de Apoio Domiciliário (35 pessoas, com serviço de refeições e lavandaria). Enquadramento urbanístico O terreno localiza-se no lugar de Mascote, Vinha do Regueirão, abrangido pelo perímetro urbano consolidado de Quintas, na União das Freguesias de Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras, descrito na 1ª Conservatória do Registo Predial de Vila Franca de Xira sob o nº 1139/20030917, inscrito na matriz rústica nº10 da secção J, com uma área total de 7.400,00 m2. Situado a curta distância (250m) do aglomerado de Quintas, num curto percurso a pé na Estrada da Carapinha, possui acesso fácil a diversos equipamentos urbanos e sociais, tais como igreja, associação cultural e recreativa, cafés, campo desportivo e parque infantil. Estando localizado na periferia do aglomerado, trata-se de um terreno inclinado numa vertente Norte, rodeado por terrenos agrícolas, oferecendo uma bela vista panorâmica sobre a várzea do Rio Grande da Pipa. Enquadramento urbanístico no PDM de Vila Franca de Xira: A propriedade de 7.400 m2 está parcialmente inserida na categoria de Espaços a Urbanizar Tipo III, dentro do perímetro urbano consolidado, com um índice de construção bruto (máximo) de 0,35 (Artigo 67º). Possui ainda uma faixa de terreno de 1.830 m2 afecta à Estrutura Ecológica Urbana (Art. 78º, 79º) na envolvente da linha de drenagem natural, ao longo dos limites Sul e Poente do terreno. Esta linha de drenagem foi considerada no projecto de Arranjos Exteriores como uma solução natural de escoamento hídrico e conforto bioclimático, enquadrando visual e ambientalmente o edifício nos seus limites Sul e Poente, o que contribuirá para o conforto térmico e psicológico dos residentes, sendo parte integrante e importante do jardim. A nova implantação afasta mais o edifício da linha de drenagem, facilitando a circulação de viaturas de apoio técnico e de socorro, quando necessário. Estacionamento: no seu dimensionamento foi considerado o Quadro 8 do Anexo I do PDM. Dado tratar-se de um equipamento colectivo, o projecto considera as futuras necessidades dos seus utilizadores, em termos de funcionários, residentes da ERPI, utentes do Centro de Dia e visitantes, prevendo-se 14 lugares de estacionamento, dos quais 2 estão dimensionados para pessoas com mobilidade reduzida. Complementarmente, as áreas de circulação automóvel pavimentadas permitem ainda o acesso e paragem para viaturas de cargas e descargas junto das entradas, bem como o acesso de viaturas de socorro (ambulâncias, bombeiros, funerárias) quando necessário. Caves: a forte inclinação do terreno revelou-se um desafio para encaixar um equipamento social para pessoas frágeis e de idade avançada, para cujo conforto a circulação horizontal, de nível, é um factor crucial. Assim, ao abrigo do Artigo 5º, alínea g) que define a Área Bruta de Construção, considerámos a instalação do maior número possível de serviços técnicos nas caves, desse modo excluídos da ABC, para que os espaços permanentemente habitados pelos residentes, utentes e funcionários pudessem usufruir do máximo de luz e ventilação natural. Iluminação e ventilação natural: a qualidade do ar e da luz é uma preocupação de todo o projecto, reforçada pelas dificuldades da pandemia da COVID-19, pelo que em todo o edifício a ventilação transversal, de preferência natural, minimizará os custos energéticos de consumo dos equipamentos de AVAC e ajudará a evitar contaminações, visto que o edifício se encontra organizado por núcleos que podem ser autonomizados. Mas essa preocupação existiu igualmente nos serviços técnicos instalados nas caves: janelas superiores, ao longo de toda a extensão dos compartimentos sempre que existe superfície de fachada em contacto directo com o exterior, permitindo bom varrimento do espaço para exaustão de ar viciado, mas também luz natural que será potenciada através de reflexão nos tectos brancos e reflectantes. Nos serviços técnicos localizados mais no centro do edifício, criámos poços de luz através de rebaixamento de lajes de tecto, de modo a permitir idêntico varrimento do ar interior e exaustão natural, assim como a entrada de luz natural. Mesmo nas áreas técnicas das casas de máquinas em cave houve a preocupação de criar grelhas de ventilação para o exterior, para um bom funcionamento dos equipamentos e evitar concentração de gases. Os grandes envidraçados inicialmente previstos para as escadarias e salas foram redimensionados para contenção de custos quer ao nível das caixilharias, quer ao nível das necessidades de arrefecimento (e consumo energético) que iriam provocar. Volumetria: jogando com inclinação do terreno e para minimizar a movimentação de terras (o solo escavado será reutilizado quase na totalidade nos taludes dos Arranjos Exteriores), o edifício foi “quebrado” em vários volumes, articulados em diagonal ao longo da encosta, de modo que nunca existe a sobreposição vertical de todos os volumes, cumprindo a regra de 3 pisos acima da cota de entrada do Piso 0, não excedendo a cércea de 12m. Este princípio conceptual manteve-se, alterando-se apenas o ângulo entre o corpo central e o corpo sul, de modo reduzir a área da Escadaria 2 (sul) para a mesma área da Escadaria 1 (norte). Implantação no terreno O projecto de arquitectura foi concebido de modo a articular o edifício no terreno inclinado, organizando-o em três volumes encaixados no terreno, minimizando a movimentação de terras, por razões de economia de obra e de minimização de impacto visual sobre a paisagem. A nova geometria de ângulos entre os volumes permitiu agora a criação de uma via de acesso para viaturas de manutenção e socorro que contorna o corpo sul. Uma preocupação subjacente a todo o projecto foi permitir sempre uma saída directa, de nível, à cota do terreno natural do jardim envolvente, em cada piso do edifício, de modo a facilitar e estimular a saída dos residentes para o exterior, para usufruírem dos jardins e hortas que serão criados para seu passatempo. As novas plantas dos espaços exteriores mostram os percursos de circulação entre as saídas de cada piso, as hortas, jardins e larguinhos para estar. Junto à estrada ficará o estacionamento e infraestruturas gerais (reservatório de gás, PT de energia eléctrica) e espaços de circulação que ligam às entradas do Centro de Dia e da ERPI. Piso 0 – ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas A Entrada faz-se directamente a partir do largo no lado Poente, no topo do acesso automóvel que faz a ligação ao estacionamento e portão de entrada na Estrada da Carapinha. A Recepção da ERPI apresenta um balcão com duas alturas distintas, para atendimento em pé, ou atendimento sentado para pessoas em cadeira de rodas. Junto à Recepção há duas Instalações Sanitárias acessíveis, separadas por sexos, que dão apoio a este piso bem como ao Gabinete de Enfermagem que se localiza atrás da Recepção e zona de espera. Os espaços são os mesmos, mas agora organizados em modo diferente, para melhor funcionamento: o Gabinete de Enfermagem ficou com acesso directo a partir da zona de espera e ganhou no interior um recanto para a marquesa, com maior privacidade; e o Elevador foi transferido do centro da Escada 1 para junto da Recepção, para melhor ligação à porta de entrada. Encostadas à Escada 1, ficarão agora as Instalações Sanitárias separadas por sexos, tendo ambas cabine com acesso universal e darão apoio às Salas de Estar e de Refeições. Fig. 1 – Piso 0, Sala de Estar da ERPI e porta para a escadaria Fig. 2 – Piso 0, Sala de Estar da ERPI, zona da televisão A Sala de Estar (Figs. 1 e 2) destinada aos residentes da ERPI tem um fácil acesso directamente a partir das circulações verticais do edifício, mas também da Recepção. Trata-se de um espaço amplo, profusamente iluminado a partir de ambas as fachadas: onde antes tínhamos os envidraçados contínuos que se vêem nas imagens, colocámos agora vãos verticais, alternados com parede (como se pode ver nos alçados, numa solução formal de continuidade de vãos em todo o edifício), para reduzir o sobreaquecimento que iria implicar maiores gastos de AVAC para arrefecimento. As poltronas e sofás mantêm-se organizadas em pares e pequenos grupos, para fomentar interacção e proximidade entre os residentes. Haverá também mesas para jogos e actividades, para além de poltronas para ver televisão e estante para Biblioteca. A circulação entre as peças de mobiliário será fácil, pensada em termos de mobilidade universal. A Sala de Refeições da ERPI (Figs. 3 e 4) constitui um espaço amplo e flexível cujas mesas podem ser facilmente encostadas para criar grandes mesas de banquetes ou separadas para pequenos grupos. Possuirá uma Copa de Piso com fornecimento da comida através de monta-pratos a partir da Cozinha que estará localizada na cave. Fig. 3 – Piso 0, Sala de Refeições da ERPI com a Copa de Piso. Fig. 4 – Piso 0, Sala de Refeições da ERPI com as fachadas envidraçadas para o terraço ajardinado. Do lado oposto da Recepção do Piso 0 ficarão diversos espaços destinados a serviços técnicos em cave (a grande inclinação do terreno faz com que toda esta zona do edifício seja escavada): a Arrecadação para entrada de cargas e descargas, a Arrecadação Geral, e Áreas Técnicas para equipamentos eléctricos e de AVAC. Piso 1 – ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas A Escada 1 possuirá degraus baixos, desenhados para proporcionar um uso cómodo no dia-a-dia, estimulando suavemente o envelhecimento activo dos residentes, subindo ou descendo, com belas vistas para a paisagem e jardim envolventes. O patamar da caixa de escadas do Piso 1 será semelhante ao do piso inferior, com zona de estar no recanto triangular, propiciando encontros e conversas entre residentes. Haverá igualmente duas possibilidades de percursos: um externo, através da saída directa para a cobertura ajardinada onde será criado um “Jardim Terapêutico” constituído por plantas aromáticas e plantas de cores diversas, para estimular os residentes que padecerem de doença de Alzheimer e outras demências; e um percurso interno: o corredor dos quartos, separado por portas corta-fogo ladeadas à esquerda por armários-roupeiro de piso e conduta da roupa suja e à direita pelo elevador. O corredor central dá acesso a quartos de ambos os lados e à Sala de Estar com Copa, cujas portas envidraçadas dão luz natural ao corredor, garantindo simultaneamente maior privacidade para o residente que aí quiser receber familiares ou amigos. Teremos três tipos de quartos: triplos, duplos e individuais. Quarto Triplo: destinado a três residentes, terá casa de banho privativa logo à entrada, constituída por lavatório suspenso da parede, sanita e duche nivelado pelo pavimento, permitindo fácil rotação de uma eventual cadeira de rodas, podendo o bidé ser substituído por chuveiro de mão. Do lado oposto ficarão dois roupeiros, um para cada residente, junto das duas camas com a terceira colocada no recanto da instalação sanitária, separada pelo terceiro roupeiro, perpendicular à parede. As camas estão colocadas de modo a permitir boas vistas directas para o exterior através das grandes janelas verticais, mesmo a partir da cama, pensando nos longos períodos em que por vezes os idosos estão acamados. Assim, cada residente terá a sua própria janela. Para proporcionar flexibilidade em termos de privacidade, junto à cama da esquerda haverá um biombo articulado (apenas com 2m de altura para não interromper o espaço) que poderá estar recolhido discretamente na parede da entrada ou aberto para dar privacidade entre camas. As janelas serão protegidas exteriormente por estores de alumínio na cor das caixilharias e por estores de rolo no interior, transparentes e com cor clara. Fig. 5 – Piso 1 e 2, Quarto Duplo com vista directa para o jardim a partir da cama. Quarto Duplo: destinado a dois residentes, terá casa de banho privativa logo à entrada, constituída por lavatório suspenso da parede, sanita e duche nivelado pelo pavimento, permitindo fácil rotação de uma eventual cadeira de rodas, podendo o bidé ser substituído por chuveiro de mão. Do lado oposto ficarão dois roupeiros, um para cada residente, à frente dos quais ficarão duas camas, frente a frente. As camas estão colocadas de modo a permitir boas vistas directas para o exterior através das grandes janelas verticais (Fig. 5), mesmo a partir da cama, pensando nos longos períodos em que por vezes os idosos estão acamados. Assim, cada residente terá a sua própria janela. Para proporcionar flexibilidade em termos de privacidade, junto às camas haverá biombos articulados (apenas com 2m de altura para não interromper o espaço) que poderão estar recolhidos discretamente na parede da fachada ou abertos para dar privacidade às camas. As janelas serão protegidas exteriormente por estores de alumínio na cor das caixilharias e por estores de rolo no interior, transparentes e com cor clara. Quarto Individual: destinado a um residente, terá casa de banho privativa logo à entrada, constituída por lavatório suspenso da parede, sanita e duche nivelado pelo pavimento, permitindo fácil rotação de uma eventual cadeira de rodas, podendo o bidé ser substituído por chuveiro de mão. Do lado oposto, no canto da parede da fachada, ficará um roupeiro maior e no canto oposto, junto à cabeceira, um roupeiro mais pequeno. A cama fica colocada de modo a permitir boas vistas directas para o exterior através da grande janela vertical, mesmo a partir da cama, pensando nos longos períodos em que por vezes os idosos estão acamados. A janelas será protegida exteriormente por estore de alumínio na cor das caixilharias e por estore de rolo no interior, transparente e com cor clara. Ao fundo do corredor dos quartos estará a segunda caixa de escadas, que permitirá a saída directa, de nível, para o jardim exterior. Deste modo a prática de jardinagem ou horticultura recreativa ficará facilitada no dia-a-dia. E será uma saída fácil, de emergência, se e quando necessário. Este patamar espaçoso (Fig. 6), poderá ainda funcionar como zona de estar onde haverá sofás e estantes para criar um recanto de convívio e leitura, envidraçado e com vistas para o jardim. Neste patamar ficarão ainda (mas já escavados no terreno) dois serviços técnicos: a Zona de Sujos e o Banho Geriátrico que darão apoio a todos os residentes deste piso. Haverá ainda uma porta de serviço para ligação à Área Técnica de equipamentos eléctricos, com portão de acesso automóvel para manutenção. Segue-se ao lado, igualmente em cave e em espaço autónomo com acesso exterior directo, a Área do Grupo de Bombagem e Depósitos de Água do sistema de segurança contra incêndios. A Escadaria 2, uma vez mais com degraus suaves para estimular o exercício físico quotidiano, ligará ao Piso 2, com amplas vistas para o jardim e arvoredo da galeria ripícola da linha de água (de escorrência) existente no limite Poente da propriedade. Fig. 6 – Piso 1, Escadaria ligando ao Piso 2, com zona de estar e saída directa para o jardim. Piso 2 – ERPI – Estrutura Residencial para Pessoas Idosas Este piso, exclusivamente constituído por quartos, repete no essencial a organização do Piso 1, na sua sequência. A escadaria principal, une todos os pisos do edifício com os seus degraus baixos para estimular o exercício físico suave, terminando neste grande patamar triangular com janelas em todo o perímetro (já não totalmente envidraçado, mas com grandes janelas verticais). No patamar da caixa de escadas do Piso 2 haverá nova zona de estar no recanto triangular, propiciando encontros e conversas entre residentes, com vistas para o exterior. Fará a ligação ao corredor dos quartos, separado por portas corta-fogo e à direita pelo elevador. Tal como referido anteriormente, o elevador agora tem maiores dimensões para permitir o transporte de macas ou camas articuladas e ainda equipamento médico de auxílio (oxigénio, etc) e abre directamente no corredor dos quartos, facilitando a movimentação de doentes acamados quando necessário. Deste modo um único elevador consegue servir todos os pisos do edifício, garantindo acessibilidade universal para todos os utilizadores. O corredor central dá acesso a quartos de ambos os lados e à Sala de Estar com Copa, cujas portas envidraçadas dão luz natural ao corredor, garantindo simultaneamente maior privacidade para o residente que aí quiser receber familiares ou amigos. Teremos três tipos de quartos: triplos, duplos e individuais, exactamente iguais aos que foram anteriormente descritos para o piso inferior. Na Escadaria 2 (sem elevador) o corredor central dos quartos desemboca como se fosse uma sala de estar, com belas vistas para o jardim e arvoredo da galeria ripícola, inflectindo depois à esquerda, para continuar no último volume do edifício. Neste corredor a Zona de Sujos e o Banho Geriátrico são seguidos por dois armários destinados às roupas de cama (e um espaço de rouparia extra no canto do patamar). Uma vez mais temos uma sequência de quartos triplos e duplos em ambos os lados do corredor que desemboca directa e livremente no exterior do edifício, permitindo a saída fácil, cómoda, segura e rápida, quer no dia-a-dia, quer em situações de emergência. No exterior, o percurso que contorna o edifício ficará directamente ligado a outros percursos secundários de acesso às hortas e recantos do jardim, estudados e detalhados no projecto de execução, nomeadamente na especialidade de Arquitectura Paisagista. Cave / Piso -1 – Centro de Dia, Serviço de Apoio Domiciliário e ERPI Este é o piso que concentra a maior parte dos Serviços Técnicos em cave, de apoio a todo o equipamento social, nas suas três vertentes: ERPI (que já descrevemos), Centro de Dia e SAD- Serviço de Apoio Domiciliário que passaremos a descrever. Por força da necessidade de encaixar os volumes do edifício no terreno inclinado minimizando a movimentação de terras (o volume de terra escavado é praticamente igual ao volume usado na modelação exterior de taludes e caminhos, ver projecto de Arquitectura Paisagista) optámos por localizar na cave diversos serviços técnicos importantes. Assim, continuando o percurso pelo interior do edifício, desçamos a Escadaria Principal para a Cave (ou tomemos o elevador). Quando chegamos ao patamar da escadaria na cave, encontramos no canto a porta da Recolha de Roupa, onde a conduta vertical (que atravessa os pisos superiores) descarrega directamente as roupas sujas, em carrinhos que depois as transportam para a Lavandaria, passando discretamente pela porta de serviço localizada sob a escadaria, evitando-se deste modo atravessar os diversos pisos com roupa suja. Esta porta abre para a Circulação de Serviço, com a porta da Lavandaria imediatamente em frente para comodidade funcional, onde as roupas sujas são lavadas nas máquinas e depois de secas são tratadas na Zona de Engomadoria e arrumadas. Este espaço, estando em cave, terá uma janela horizontal à cota alta em toda a parede exterior virada para o jardim que dará boa luz natural e ventilação, que será ainda reforçada pelas soluções técnicas previstas no projecto de AVAC. Ao lado deste espaço teremos os Vestiários e Balneários do Pessoal, separado por sexos, mas ambos com cabines dimensionadas para acessibilidade universal. Também estes serviços técnicos em cave serão iluminados e ventilados a partir das janelas horizontais altas abertas para o lado Nascente do jardim. Encostada aos Vestiários teremos por fim a Sala de Pessoal, com acesso pela circulação de serviço, mas com uma grande janela virada para o jardim e para a estrada, permitindo boas vistas para o exterior durante as refeições e pausas. A Cozinha ficará organizada por zonas funcionais: preparação, confecção, empratamento, copa (limpa) de apoio a refeições ligeiras com ligação à Sala de Refeições e depois, no regresso pela outra porta, a zona de lavagem de loiça (copa suja) e ainda um espaço para arrumos da loiça grossa. Na zona de empratamento ficará um Monta-pratos em coluna, que transportará verticalmente a comida para a Sala de Refeições da ERPI, optimizando deste modo a Cozinha única, com separação total de espaços de refeições entre ERPI e Centro de Dia, por razões de segurança pandémica. Como espaços complementares abrindo directamente para a Cozinha haverá ainda a Despensa de Dia. No corredor de circulação de serviço ficarão ainda a Arrecadação de Géneros Alimentícios, Arrecadação de Frios e a Arrecadação de Equipamentos e Produtos de Higiene do Ambiente. S.A.D.— Serviço de Apoio Domiciliário (Piso -1, cave) No corredor da Circulação de Serviço teremos o espaço destinado à preparação dos cabazes do SAD (Embalagem de Refeições), um espaço constituído por bancada de trabalho e armários de arrumação, com capacidade para servir 35 pessoas. Apesar de aparentar ser um espaço interior, na verdade este espaço terá abundante luz e ventilação natural através das janelas situadas no do poço-de-luz que criámos para iluminação do corredor de serviço. Desse modo iluminam e ventilam quer o SAD, quer o próprio corredor e sobretudo a Cozinha que, deste modo, terá janelas basculantes em toda a altura na zona das principais bancadas de trabalho (Corte BB’). A proximidade da Entrada de Serviço facilitará a carga e descarga dos cabazes, em zona coberta onde as carrinhas poderão facilmente estacionar, discretamente resguardadas pela parede lateral cega do Centro de Dia. Centro de Dia (Piso -1, cave) Possuirá capacidade para receber 30 pessoas diariamente. Pelo facto de estar situado no Piso -1, organizámos os espaços de modo que as áreas de convívio e refeições dos utentes fiquem sempre amplamente iluminadas e ventiladas, enquanto os espaços de trabalho dos funcionários ficarão em zonas de semi-cave, com iluminação e ventilação natural superior, como veremos. A Entrada faz-se lateralmente, a partir do exterior em zona recuada e paralela à rampa de acesso ao piso de referência (Piso 0) da ERPI, dando acesso directo à Recepção onde haverá um balcão com duas alturas distintas: para atendimento em pé, ou para atendimento sentado de pessoas em cadeira de rodas. Existirá ainda um pequeno recanto para Zona de Espera e duas Instalações Sanitárias acessíveis. Os espaços principais serão a Sala de Estar, com acesso a partir da Recepção e a Sala de Refeições. A Sala de Estar (Figs. 7 e 8) será um espaço amplo, cujas fachadas Poente e Norte, em vez de totalmente envidraçadas (como se pode ver na imagem da solução anterior), apresentam agora uma sequência alternada de grandes janelas verticais, numa ligação visual ampla com o exterior, permitindo observar as entradas e saídas do estacionamento, a circulação de cargas e descargas, o tráfego automóvel na Estrada da Carapinha, etc. Deste modo os utentes do Centro de Dia usufruirão do entretenimento normal da vida quotidiana do lugar e do estabelecimento: as entradas e saídas farão parte das suas conversas e observações, ajudando a manter uma ligação mais saudável com a vida diária e menos alienante do que apenas a habitual presença da televisão em espaço fechado. Fig. 7 – Piso -1, Sala de Estar do Centro de Dia, com a TV, mesas de actividades e vistas para o jardim. A Sala de Estar será organizada em pares e pequenos grupos de poltronas e sofás para incentivar a interacção humana e social dos utentes do Centro de Dia. Terá igualmente uma zona com mesas para actividades e ainda um núcleo de poltronas (Figs. 7 e 8) organizadas em redor do televisor. Deste modo haverá diversidade e partilha de actividades, permitindo melhor circulação dos utentes e um dia-a-dia mais diversificado e interessante, nomeadamente com saídas directas para o jardim fronteiro, próximo do estacionamento onde poderão praticar floricultura ou simplesmente passear. Fig. 8 – Piso -1, Sala de Estar do Centro de Dia, com a TV, mesas de actividades e Sala de Refeições ao fundo. A Sala de Refeições (Fig. 9) será contígua à Sala de Estar. Separando as duas salas haverá dois móveis altos que organizam o espaço com flexibilidade: de um lado funcionará o armário-estante que integrará a televisão e a biblioteca, enquanto nas costas ficará um armário equivalente, mas destinado à arrumação da loiça, talheres e complementos da Sala de Refeições. Ambas as salas serão servidas directamente por Instalações Sanitárias separadas por sexos. O sector administrativo que apoiará todas as valências deste equipamento social (ERPI, Centro de Dia e SAD) ficará instalado em gabinetes dispostos no corredor de Circulação da Recepção. Dado ser uma zona do edifício já parcialmente em cave, a laje de cobertura destes gabinetes foi rebaixada, permitindo desse modo a entrada de luz no corredor reflectida a partir dos gabinetes através de portas envidraçadas (ver Corte BB’). Dentro dos gabinetes haverá clarabóias em toda a largura do espaço, permitindo a entrada directa de luz solar e ar fresco. . Fig. 9 – Piso -1, Sala de Refeições do Centro de Dia e ao fundo as mesas de actividades da Sala de Estar. Junto à Recepção, o primeiro gabinete destinar-se-á a Pessoal Técnico, seguido do gabinete da Direcção, e do serviço de Cabeleireiro e Pedicure para os utentes do Centro de Dia e para os Residentes da ERPI. Haverá depois o gabinete de Psicologia e o gabinete Administrativo com Arquivo. Do lado oposto do corredor haverá a Área Técnica de AVAC e Sala de Reuniões. Neste corredor ficará ainda uma Instalação Sanitária com Banho para utilização privativa dos utentes do Centro de Dia que, nalguns casos, apenas aqui terão a possibilidade de tomar banho. Ao fundo do corredor haverá uma porta corta-fogo (neste caso normalmente fechada) que separará totalmente o Centro de Dia e a ERPI, evitando a mistura descontrolada entre utentes e residentes. Lisboa, 8 de Junho de 2023 O Arquitecto, António da Silva Ferreira de Carvalho
2023
Care home, Older people, Residential, Portugal
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